Nas ultimas semanas algo que encheu o meu saco foi ao passar em boa parte dos blogs que frequento os caras fazendo textinhos de que "O RPG foi inocentado", puta coisa chata um bando de nerds obesos comemorando que uns caras foram inocentados de um caso de assasinato que ocorreu em Ouro Preto anos atrás! Até parece que a opinião das pessoas vai mudar em relação a vocês, pois enquanto os rpgistas ficam relinchando em seus blogs, a grande mídia que é quem informa o povão não deu uma notinha sobre isso (muito mais negocio ficar em cima da carcaça do Michael Jackson).
Agora deixo vocês com o único texto realmente legal que li sobre esse causo, diretamente do Papo Bravo!
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Ou “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa...”A Justiça do Estado de Minas Gerais declarou inocentes os envolvidos no tal caso de assassinato de uma garota em uma esbornia depravada, digo, conhecida festa tradicional universitária que rola por lá, uma tal de
Festa do Doze. Deve ser uma putaria do caralho, pior (ou nesse caso, melhor) que nas micaretas meia-boca que tem por aqui.
A decisão veio por revogar a condenação dos pobres e indefesos nerds que foram erroneamente acusados de assassinar sua coleguinha num ritual envolvendo uma “aventura” de
RPG. A acusação, pasmem, foi baseada no simples fato de que em uma das republicas em que a vitima se hospedava durante a festa da putaria, encontraram alguns inocentes e despretensiosos livros de RPG. Segundo a policia que “cuidou” do caso, esse tipo de jogo é impróprio e trata-se de material satanista
Bem, então o RPG é coisa do Demo... sei lá, também disseram o mesmo do rock n´roll e hoje todos sabemos que o pagode que é o som do capeta, rs. Nunca fui simpático ao RPG, pra mim é um passatempo, um hobby execrável, mas o mérito precisa ser julgado.
Mas como acontece sempre nesses casos, a demonstração de ignorância e abuso de autoridade é gratuita e imediata, com a associação impensada de crimes que demandam uma maior investigação e exercício físico e intelectual por parte da nossa Justiça tacanha. A acusação em todos esses casos é juridicamente pífia, extremamente vaga e incompleta deixando margem para várias dúvidas, o que levou a revolta da nerdaiada babona, pois, ora essa, estão queimando o filme do que em muitos casos é o que dá sentido a vida do infeliz.
O que mais tem por ai é nerd inútil e vagal, que tudo o que faz na vida é dormir intensamente por infinitas horas, acordar, comer um pão, assistir um desenho e voltar a dormir de novo. Dessa forma, o RPG é a única atividade que ainda mantem o nerd no mínimo interessado em manter seus sinais vitais e por em duvida a integridade desse lazer tão sadio e importante é como dar um tapa na cara do nerd bobalhão.
Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaas...
É bom lembrar também que esta não é a primeira vez que ocorre esse tipo de caso, de a “justiça brasileira” partir pra ignorância pura e simples e condenar algum meio de entretenimento o qual as antas não tem a menor idéia do que significa. Tiveram pelo menos mais 2 casos recentes de morte associados ao jogo maldito –
um no Espírito Santo e outro em Teresópolis no Rio. Fora as diversas proibições estapafúrdias de jogos de videogame e PC pela justiça federal, o que na maioria dos casos, conforme pesquisei, essas liminares sem nenhum critério partiram do estado de... Minas Gerais – isso mesmo, eles de novo. Mas também, o que esperar de um lugar que deu ao mundo, criaturas do naipe de
Milton Nascimento, Skank e Bosta Quest?
Só que a coisa é mais velha do que a putaiada rpgista ladra por ai. O que acontece, é que antes eles ficavam com as suas esquisitices, suas manias e merdas no seu canto e ninguém enchia o saco deles, então tava bom.
Um caso que talvez possa ter sido o estopim dessa caça do sistema judiciário brasileiro aos hobbys da comunidade nerd,
a tragédia no Morumbi Shopping, onde um lunático, um vagabundo estudante de medicina pipocou meio mundo com uma metralhadora durante a exibição do filme “Clube da Luta” – caso este já citado por aqui e questionado por uma mula nos comentários
“vc citou os crimes como akele do cinema no filme clube da luta mais não citou os mauricinhos-cheios-da-grana q estragam a vida de muitas pessoas por estarem no mundo das drogas por exemplo, um ato muito mais comum e que destroi milhares de familias.” – ah ta, como se uma coisa justificasse a outra – quer dizer, tem tanto playboy filhinho de papai que faz cagada por ai, que é até justo um nerd chegar metralhando quem ele quiser. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa... ainda bem que não é todo mundo que pensa assim, o que torna as coisas bem mais interessantes do ponto de vista jurídico.
Presumir que um fulano mata o outro influenciado por esses jogos, e por isso eles são nocivos a sociedade, pode ser desastroso. Pois não existe provas concretas deste fato, que por si só já é extremamente subjetivo. E principalmente por abrir um precedente perfeito pra defesa do acusado. Esse senso comum de que jogos de guerra, tiro, terror ou que tenha uma temática mais “adulta” e o famoso RPG são responsáveis por influenciar qualquer nerd sem noção a sair fazendo merda no mundo é a melhor notícia que um advogado de defesa poderia receber. Ao difundir esse pensamento, a justiça brasileira está de certa maneira inocentando maníacos convictos como o tal do shopping, seja la quem for que tenha cometido esses crimes imputados ao RPG ou mesmo qualquer imbecil que queira aprontar uma no futuro, tem uma desculpa, um álibi proporcionado pela própria “justiça” e prontamente alardeado pela imprensa. É possível até imaginar aquele advogado de porta de cadeia finalizando sua defesa assim:
"meritíssimo, meu cliente é um maníaco depressivo de nascença, tem histórico de violência, usa drogas, dava a bunda, fazia tratamento psiquiátrico, mas ele matou essas pessoas porque jogava RPG... tudo faz parte de um ritual do jogo." Cruel, né?
Nos
Estados Unidos onde tragédias como essas são, infelizmente, bem mais comuns esse tipo de proibição nem passa pela cabeça dos gringos. Afinal se for censurar todo filme, livro, ou jogo de videogame que se encontrar entre os pertences de um assassino psicopata, entre os primeiros livros que seriam proibidos, possivelmente, estaria a “Bíblia Sagrada”, ou você conhece livro mais fundamentalista, preconceituoso, tacanho, reacionário e sectarista do que a Biblia?
O pior nessa história é que com esse pensamento de jogar a culpa no jogo e não no individuo, o mesmo seja solto depois de algum (pouco) tempo, mas os tais jogos continuarão proibidos e execrados pela “lei” e pela população passiva.
No fundo, tudo o que se precisa é de uma avaliação de o quanto (e se isso é possível) um jogo ou mesmo um anime ou um gibi pode influenciar a cabeça de um infeliz, um verme a ponto de o animal perder a noção da realidade e desandar a cometer crimes a torto e direito. Qual que é o background do figura, que junto a uma interpretação errada da informação passada por aquele meio (o RPG, gibi, etc.) se transforma literalmente num “código” que vem à mente do ameba e põe um alvo na testa de um anônimo qualquer e diz “KILL HIM”.
Por exemplo,
Mark Chapman, o assassino de
John Lennon disse em entrevistas ser obcecado pelo livro Apanhador no Campo de Centeio. Alguém pode imaginar livro mais inofensivo que esse? – eu mesmo já o li e achei muito bom. Pois bem, seguindo a “brilhante” lógica do nosso Código do Consumidor esse livro deveria ser censurado, pois é nociva a saúde de seus leitores. Quem sabe se o Lennon fosse brasileiro, estaria vivo até hoje...
O RPG não mata ninguém. Pessoas que jogam RPG é que matam (
ou podem matar) pessoas – ou seja, um rpgista bobão tem a mesma potencialidade de matar uma pessoa que qualquer outro tem, seja um pagodeiro ou membro de torcida organizada, o que já soterra esse outro argumento falido e imediatista de que
“O RPG não influenciou NENHUM crime no Brasil”. Dizer isso é de uma estupidez sem tamanho, pois não tem como saber o que se passa na cabeça de cada um. Mas chegar com os dois pés na porta, proibindo e caçando tudo e todos por ai também é errado.
Deve-se sim, analisar cada caso com o máximo de cuidado possível pra não se cometer nenhuma injustiça, mas também não dá de jeito nenhum afirmar categoricamente como esses imbecis fazem de que todo mundo que joga RPG é santinho e sua inocência não deve ser questionada de jeito nenhum.
Somos todos adultos aqui, maiores de idade, com título de eleitor e responsáveis pelos nossos atos. Que o ser humano é um animal e predador por natureza, todos sabemos - a agressividade esta no nosso sangue e no nosso dia a dia, daí a nossa predileção por formas de entretenimento com uma temática mais violenta e não é preciso muito pra se fazer uma besteira. Mas tudo bem, cada um que deva responder por si – não é nenhum jogo que vai fazer a cabeça de ninguém. Jogar a culpa disso ou proibir essas merdas não vai mudar em nada.
Com certeza não vamos ver ninguém alem dos próprios rpgistas desvairados e dos oportunistas e pilantras de plantão saindo em defesa do seu passatempo tão precioso como se defendia livros e filmes polêmicos no tempo da ditadura militar – até mesmo porque a relevância desse “mercado” é mínima, apesar de que o segmento “merd” vem crescendo cada dia mais. Fora que uma boa percentagem da população brasileira que tem acesso a esse tipo de jogo é ínfima e não votante, logo não possui muito interesse para nossos políticos. A violência não vai diminuir, muito menos aumentar, por causa da censura de alguns jogos pra videogame ou RPG´s descerebrados e a prisão de um ou outro nerd aparvalhado. Quem achar o contrário está sendo tão infantil e desequilibrado, quanto quem é capaz de confundir a realidade com o mundo de fantasia dos
Final Fantasy e GURPS da vida.
Então não é só porque NESTE CASO de Minas, foi constatada a inocência dos fulaninhos lá que o RPG seja um jogo totalmente inofensivo e isento de qualquer “malefício” e que não tenha lá o seu lado "negativo" - tem sim e muitos, pois só o fato de o mesmo existir já abre precedentes pra que pessoas mal intencionadas aprontem suas sacanagens por ai e jogue a culpa no RPG, pois a “justiça” e a imprensa em comum acordo já trataram de condenar o jogo maldito, o que em tese, essa absolvição não serve pra nada em passar o pano na má fama do jogo maldito – ou seja, o RPG pode ser um lazer descompromissado e puro, como a nerdaiada diz, mas só o fato de eu poder fazer uma chacina e dizer que fui influenciado pelo jogo já põe em xeque o mérito e mesmo a razão de existir do mesmo.
Resumindo, ninguém é 100% inocente e o RPG também tem o seu lado podre (e bota podre nisso!!!) .
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