Marketing do novo Ghostbusters politiza o filme declarando apoio a Hillary Clinton
Em uma demonstração inédita de petulância e desconexão com a realidade, o perfil oficial do novo Ghostbusters praticamente declarou o apoio da produção à Hillary Clinton, comparando o elenco feminino do filme a indicação da ex-secretária de estado à presidência dos EUA pelo partido democrata.
Boo-yah, quebramos o seu teto de vidro e tinha um fantasma atrás dele.#ImWithHer#BustTheCeiling#Ghostbusters“Primeiro, a menção ao “teto de vidro”, um conceito do feminismo que descreve a barreira invisível da sociedade que impede as mulheres de alcançarem posições de poder e influência. A expressão foi usada por Hillary Clinton em 2008, em seu discurso de despedida da campanha após admitir a vitória do então senador Barack Obama nas primárias do partido democrata.
“Apesar de não termos conseguido quebrar aquele alto e duro teto de vidro dessa vez, graças a vocês, fizemos 18 milhões de rachaduras nele.”-Hillary Clinton, 2008
A frase foi retomada nos últimos dias pela campanha e a mídia americana. Caso a referência a Hillary no tweet não fosse óbvia o suficiente, ele ainda acompanha a hashtag #ImWithHer, mote da campanha de Clinton nas primárias deste ano. E pra deixar AINDA MAIS claro, na gif que ilustra o post, a hashtag é #ImWithThem, comparando as mulheres Ghostbusters a Hillary. Em caso similar, o elenco e a candidata a presidente também já dividiram o palco do programa da apresentadora Ellen DeGeneres esse ano.
O tweet, publicado pouco depois de Hillary ser formalmente indicada à presidência na convenção do partido democrata na Filadélfia, faz uma clara alusão a o que a equipe de marketing do filme – em controle do perfil – julga ser o principal público-alvo da produção. Clinton sofre com uma incrível rejeição entre homens brancos, enquanto divide a opinião de homens negros. Vincular a imagem do filme à candidata, portanto, diz muito sobre para quem estão vendendo a produção.
Apesar de tudo, isso seria até compreensível do ponto de vista de marketing. É comum essas contas oficiais corporativas usarem hashtags e notícias do momento para divulgarem os seus produtos. É uma maneira de enfiar o seu conteúdo em meio a aquilo que é mais procurado no momento, buscando o maior número de visualizações. O problema é com a comparação da indicação de Hillary ao fato do novo Ghostbusters ter um elenco feminino, botando as duas façanhas no mesmo nível de conquista feminista. A #ImWithThem ainda passa a ideia de “eu defendo as Ghostbusters”, reforçando, de novo, a ideia de que a rejeição ao novo elenco se dá somente por misoginia e sexismo.
Duas semanas após o lançamento, a produção de US$ 144 milhões (mais um estimado US$ 100 milhões de marketing), vem sofrendo nas bilheterias, tendo rendido apenas US$ 92 milhões nos EUA e pífios US$ 36 milhões mundialmente, totalizando US$ 128 milhões pra um filme que analistas estimam que precisa de ao menos US$ 300 milhões pra minimizar as perdas.
A Sony, através de Amy Pascal (ex-CEO da Sony Pictures e produtora do novo Ghostbusters), apostou alto na campanha ideológica e no politicamente correto com o reboot, mesmo com o ambiente cada vez mais hostil a lições forçadas de justiça social. Um ato que demonstra ou uma crença inabalável na cruzada feminista, ou uma total desconexão com a realidade.
Acima de qualquer debate, focar demais em um único grupo demográfico o destino de um filme blockbuster, ao preço de alienar os outros, na era do alto risco e custos astronômicos, é no mínimo uma burrice. Um erro que executivos de estúdio, com sua aversão a riscos e ansiedade em relação a suas produções, raramente cometem.
Até Hillary Clinton sabe que não pode basear toda a sua campanha em cima do feminismo.
Mas o diretor ainda é homem, branco e hétero.
FONTE: Lolygon