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Como ser um quadrinhista de sucesso no Brasil

>> quarta-feira, 24 de março de 2010

Sei que todo moleque que lê gibis já pensou em fazer quadrinhos, mas aqui no Brasil é difícil de conseguir seu lugar ao sol, então tendo como base os casos de quadrinhistas de sucesso no país montei esses cinco passos que você deve seguir pra se dar bem nesse mercado:

  1. Crie o personagem da sua vida: Essa é a parte mais fácil (e para muitos autores a mais rápida) de se cumprir, criar o personagem. Mas muita atenção, pois esse será seu único personagem em vida, o seu melhor amigo imaginário, ao qual você ira se agarrar como a sua tábua de salvação! Tem autores que criam vários personagens para diferentes públicos, tipo um Stan Lee, mas o que esse velho entende de quadrinhos não é mesmo?! Quem entende das coisas cria só um e segue com ele pro resto da vida, mesmo que ninguém além do próprio autor goste do personagem.
  2. Grite: Tem muitos novatos como você por ai, então para se destacar na multidão você deve fazer muito barulho, muita marola, ser o injustiçado e perseguido. Crie um Fotolog (essa modinha já passou, mas como o autor nacional tem a cabeça na época dos Dinossauros os flogs dessa patota ainda estão bombando) coloque uns rabiscos seus e saia divulgando no Orkut, sempre reclamando da falta de espaço ao autor nacional, dos quadrinhos gringos, e do público que só compra material estrangeiro. Você saberá que essa estratégia está dando certo quando começarem a te chamar de "guerreiro" e "batalhador da hq nacional"!
  3. Elogie: Faça a politica de boa vizinhança, vá aos Fotologs de outros artistas, e fale as mil maravilhas do que ele postar por lá, mesmo que você ache o desenho feito com o olho do cu ou a ideia do camarada uma diarreia maldita, pois depois que você o elogiar ele ficara mal em criticar seu trabalho e também vai te elogiar. Se a pessoa for dona de algum blog/site grande de quadrinhos, ou mesmo o editor de uma revista informativa ai sim você deve elogiar, lamber as bolas do camarada mesmo, pois ai qualquer coisinha que você fizer, por mais mínima que seja, será por eles noticiada como se fosse a última bolacha do pacote. E não existe retorno maior (sim esse vai ser mesmo o ápice da sua carreira) do que ter seu quadrinho independente ganhando notas em veículos mainstream de quadrinhos.
  4. Critique os gringos: Você leu gibi de super-heróis por toda a sua vida, seu personagem é plagiado de algum personagem dos EUA, suas soluções de roteiro são versões (pioradas) de comics do Tio Sam, mas você não deve dar o braço a torcer, e deve bater sempre nos gringos! Quanto mais famoso e competente for o gringo que você detonar mais passos rumo ao estrelato você vai dar! Chame Alan Moore de Alan Múúúúú, compare suas histórias com as dele e diga que as suas são melhores, amaldiçoe esses cães sarnentos que tomaram conta do nosso mercado e diga que deveriamos ter uma lei com uma cota mínima para gibis nacionais em bancas. Apoie-se no seu nacionalismo (o escudo dos incompetentes) ou em seu regionalismo pra tentar vender seu peixe.
  5. Gibi só se for impresso: O scan veio ai pra ficar, empresas desenvolvem aparelhos para que você possa ler seus quadrinhos digitais como o I-Pad, as vendas de gibis impressos caem cada vez mais até pros gringos, mas você deve fugir disso pois quadrinhos digitais não da status ao autor. Se você for um autor mais pobrinho fique chorando em seu flog pela merda em que você se encontra e diga que você tem um número muito alto de páginas de quadrinhos prontas na sua gaveta (você não vai ter nada, mas dizer isso vai te ajudar a ganhar o status de "guerreiro"), mas se você tem papai e mamãe pra te bancar, então você deve fazer um gibi fininho, com um fiapo de história, mas com um acabamento luxuoso(Ah, e não esqueça de colocar na capa uma frase do tipo 100% nacional pros ufanistas delirarem). Vai encalhar horrores, vai ficar pegando pó na sua sala, mas o que você vai receber de paparicação da mídia especializada e ufanistas de plantão vai recompensar seu preju. O segundo número você só vai lançar muitos anos depois (isso se lançar), e no resto do tempo você pode ficar em sua casa coçando o saco, tomando cerveja, num churrasco, pois aí você já será um autor de ÇUCESSU no Brasil!

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Watchmen vai ter continuação

>> domingo, 7 de fevereiro de 2010

É isso mesmo que você leu no titulo, mas a coisa é pior pois essa continuação não é no cinema, e sim nos quadrinhos.

Falar sobre a importância de Watchmen para os quadrinhos é chover no molhado, é o ápice dos quadrinhos de heróis, e a obra nunca saiu do catálogo da DC, sempre vendendo bem. E depois da reformulação interna que a DC sofreu (meio que em resposta a compra da Marvel pela Disney) mandou Paul Levitz que era o cara que impedia essa ídeia de ir em frente embora, e agora o Dan Didio vai seguir com essa merda! Com a reformulação que a empresa sofreu a Warner agora está em cima querendo resultados, e com certeza publicar novas histórias de personagens que vendem bem desde os anos 80 vai vender, pois mesmo com o pessoal sabendo que isso não vai prestar acabam comprando por serem uns vermes! Negocio agora é money, cash, não importa se vão fuder com uma obra do caralho.

Depois reclamam que o barbudão detona o pessoal, mas o eles só vivem de revirar o lixo do cara, copiam na cara dura ídeias de antigas histórias dele (essa saga dos anéis coloridos do Lanterna Verde é um exemplo), a Marvel logo logo vai enfiar o dedinho podre dela no Marvelmen/Miracleman, e agora a DC com Watchmen.

Quer saber...

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Miracleman pode ser reeditado

>> quarta-feira, 13 de maio de 2009

Miracleman, um dos melhores personagens dos comics pode voltar depois de tanto tempo envolvido em uma briga judicial envolvendo Gaiman e McFarlene, parece que o personagem vai acabar nas mãos do cara que o criou, Mike Anglo. Mas afinal, por que tantas brigas por esse personagem? O que tem de tão especial nele?

Resumindo a história pra vocês, lá pelos anos 50 uma editora na Inglaterra publicava os quadrinhos do Capitão Marvel, mas a editora National Periodicals (atual DC) ganhou um processo contra a editora americana que fazia o Capitão Marvel alegando que ele era plágio do Superman. Ai a editora inglesa que não queria perder a publicação teve a genial idéia de criar o seu plágio do Capitão Marvel (o plágio do plágio, que maravilha) e criou o Marvelman, que era a mesmissima coisa, um cara que grita uma palavrinha (no caso Kimota) e se transformava e tinha ao seu lado parceirinhos mirins para lhe ajudar. A revista durou um tempo mas depois parou, ai nos anos 80 Alan Moore pegou o personagem e deu uma renovada sensacional nele, saindo daquela coisa bobinha e caretinha e elevando a história pra algo bem mais adulto. Quando começou a sair nos EUA o nome foi mudado para Miracleman por causa da Marvel Comics. Depois que Moore acabou seu arco Neil Gaiman começou o seu mas nunca conseguiu conclui-lo pois a editora foi para as picas, e é ai que começa o problema legal. Parte do personagem seria do Moore e outra da editora, depois que terminou sua saga ele passou os seus direitos para Gaiman, e quando a editora faliu a sua parte foi adquirida por Todd McFarlene, e ambos não se entendiam sobre o personagem, eles quase fizeram um acordo onde o Toddynho passava os seu direitos do personagem ao Gaiman e em troca ele não encrencava mais com os direitos da personagem Ângela que apareceu em uma história escrita por ele, mas isso não aconteceu e por isso a Ângela morreu nas histórias do Spawn e nunca mais voltou.

Essa briga vêem se arrastando por anos, mas agora o Alan Moore disse que isso pode se resolver pois segundo ele os envolvidos no retorno do personagem foram iludidos sobre os direitos do personagem, que pertenceria a seu criador Mike Anglo. Anglo hoje tem 93 anos e está com sua esposa doente, por isso o pessoal está se apresando para fechar os acordos necessários para republicar a fase de Moore com o personagem, cuja renda da primeira tiragem será toda entregue a Anglo. Também existe a possibilidade de rolar um desenho animado que a pedido de Moore teria seu nome retirado dos créditos e toda a renda iria para Anglo.

Espero que isso acabe se confirmando e saia esse encadernado, pois a história é muito boa para ficar empacada por causa daquele tonto que criou o Spawn. Já o desenho animado não sei não, muito provavelmente vai ser uma porcaria como qualquer tentativa de se adaptar uma obra de Alan Moore, mas o barbudinho é gente boa, vai liberar uma adaptação de obra dele (coisa que detesta) pra ajudar o rapaz que tá precisando. Esse é o cara!

Pra você que nunca leu Miracleman baixe já clicando aqui.

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Avaliando Contos do Cargueiro/Sob o Capuz

>> terça-feira, 31 de março de 2009

Limãozinho é uma grande garota propaganda

Contos do Cargueiro Negro e Sob o Capuz são produtos derivativos do elegante filme Watchmen, do visionário diretor Zack Snyder (um visionário cujos filmes são na base do Ctrl C+ Ctrl V), isso deveria vir pra cá em DVD's separados, mas depois de tanto sucesso que o filme fez se isso chegar junto no mesmo DVD do filme já é muito. Mas você pode ver ambos agora mesmo clicando aqui.

Contos do Cargueiro Negro é o gibi dentro do gibi, em Watchmen os Contos são um gibi de piratas que o molequinho fica lendo que fazem um paralelo com o grande plano de Ozzymandias, não teve Contos no filme mas eles fizeram uma animação do mesmo, e para a minha surpresa eu achei bacaninha, é uma animação curtinha (na base duns vinte minutos) e no geral ficou bem feitinho.

Sob o Capuz... que coisa mais chata! Esse é um falso documentário sobre o livro homónimo de Hollis Mason, o primeiro Coruja. Que coisa horrível, esse filme não convence como um documentário muito pelos atores que não convencem ao passar as emoções de seus personagens. Produtinho vagabundo que acaba casando direitinho com o produto principal que também é horroroso de mal feito!

Nota
star

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Avaliação Watchmen o Filme

>> segunda-feira, 23 de março de 2009

Enquanto isso no além da imaginação...

Bem, vamos a esse assunto indigesto: faz um tempinho que já baixei a visionária obra de Zack Snyder, mas não tava querendo falar aqui pois o assunto me causa espécie, ou como diria o Dr Chapatim "Isso me da coisas"!

Como você deve saber nenhuma adaptação baseada em obras de Alan Moore deu muito certo, desde coisas escabrosas como "Liga Extraordinária" aos que enganam os mais bobinhos como "V de Vingança" mas que são uma bosta! E o pior é que nesses filmes fui no cinema pra ver, mesmo esperando filmes inferiores aos quadrinhos, mas dessa vez decidi não sustentar essa bosta e baixei essa bagaça, o que lhe recomendo se quiser sofrer como eu e ver o filme.

Você que leu a hq sabe que não tem como colocar toda a complexidade e tramas da história em 2h30min, por isso não tem como desenvolver tudo a contento, Snyder fez um filme que visualmente lembra muitas partes da hq, e muitos diálogos estão lá, mas alguns fora de ordem e alguns até ditos por personagens diferentes, mas você acha que para adaptar Watchmen basta fazer isso?! Mas é claro que não!

Para mim o maior erro desse filme é que ele não humanizar a figura dos heróis como a hq faz. Na história do Moore mostra bem que o tipo de pessoa que iria se interessar em vestir uma roupa colorida pra bater em bandidinhos não são pessoas muito bem da cabeça, Snyder pode até tentar passar isso, mas não consegue graças a aquelas ridiculas cenas de ação que enchem de glamour a figura heróica, a prisão de Rorschach onde ele não se fudeu pelo salto do seu sapato quebrar, Espectral entrando num prédio em chamas pelo teto (e fica com o cabelo impecável) ou até o jovem Rorschach que ao invés de apagar um cigarro no olho do moleque que azucrinava ele o pequeno Kovacs derruba o cara com golpezinhos de karate, da um soquinho de fresco no cara, pega na cabeça do cara com toda a delicadeza e da a mordidinha, tudo muito elegantemente!
E o final todos ai já sabem que o cara cagou, ai sempre vai aparecer um babaca pra falar que a lula gigante ficaria ridículo no cinema, o que esses babacas não se ligam é no porque da lula estar lá, no plano de Ozzymandias para que os EUA e a URSS cessassem as animosidades seria necessário uma ameaça externa, e a lula e uma possivel invasão alienigina é isso, já com o Manhhatan isso não funciona pois até pouco tempo atrás ele era o grande simbolo do poderio bélico dos gringos, e ao ficar puto ele explode não apenas uma cidade americana como também cidades comunistas e os caras vão simplesmente dar as mãos aos gringos que criaram aquela ameaça?! Ah, vá a puta que te pariu! (dizem que o Manhhatan não explodiu só NY porque depois de 11/09 não ficaria simpático para com o publico fazer assim, bando de frescos) E um dos piores erros foi não desenvolver nenhum dos personagens que morre na explosão em NY, quando mostra a explosão até aparece o jornaleiro e o garoto se abraçando na hora da explosão, mas é algo vazio pois a plateia não tem ideia de quem são aqueles dois, ninguém vai ficar triste com a morte dos dois pois não foram personagens que aparecerem e puderam cativar o espectador.

Quanto a parte de atuações, o único que achei menos ruinzinho foi o ator que fez o Comediante, de resto... é resto! Não entendo o que esses sites paga pau tipo Judão viram de tão espetacular no cara que fez o Rorschach, ele está melhor que seus companheiros de cena, mas falar que merecia Oscar é muita nerdice! Esse nem se morrese de overdose antes da estréia do filme ganhava um Oscar.

Espectral e Coruja estão muito fraquinhos, o Snyder com certeza escolheu essa atriz só por ela ser gostosa e mostrar o peitinho na cena de sexo com o Coruja (falemos dessa elegante cena mais a frente) mas o pior foi esse Ozzymandias ator muito fraquinho e acabou fazendo um vilãozinho caricato. Não sei qual o problema do Snyder em sempre ter que fazer vilões que mordam a fronha, mas pelo menos dessa vez ele muito sutil em mostrar a homossexualidade do personagem, como mostrá-lo junto do David Bowie e Vilage Peeople, ou a pasta Boys do seu computador.
Pasta Boys, um momento de relax enquanto planeja a salvação do mundo

Para que não digam que só falei mal, a trilha sonora do filme é legal, tem partes do filme que o Snyder não soube encaixar a música com o que acontece em cena, principalmente a cena de sexo entre Coruja e Espectral tocando Hallelujah (Hallelujah, o pau do Coruja subiu), cara, que cena escrota, sabe o que me lembrou? Aqueles filminhos soft que passam nas madrugadas da Band, só faltou a câmera girando em círculos em volta do casal enquanto a putinha cavalga no umbigo do Coruja! Enfim, a trilha sonora é bacana, pode baixar sem medo que você vai se divertir! Essa trilha foi o que salvou a minha nota pro filme, senão seria pior.



Nota

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Entrevista com Alan Moore

>> quarta-feira, 18 de março de 2009

Vamos a uma entrevista do barbudinho que foi concedida recentemente para a revista Wired, agradecimentos para o blog Hora dos Assasinos pela tradução



Wired: Qual é o significado do Superherói? O que há de interessante em sua iconografia ou em seus arquétipos?

Alan Moore: Eu não acho que haja realmente algo interessante neste momento. Eu realmente não acho muito interessante o herói como um arquétipo. Estive distante de todo este conceito ate agora, mas comecei a refletir sobre isso.

E me correu que o superherói só tem origem nos EUA. Esse parece ser o único país que produziu este fenômeno. Sim, tivemos uma porrada de super heróis americanos originários do nosso país e possivelmente de outras partes do mundo, mas eles não são naturais para nosso ambiente. Eles são uma espécie exótica. E eu pensei e me questionei o por que disso. E eu pergunto ( talvez isto seja demasiado simplista ), não sei, mas me pergunto se a raiz do surgimento do herói na cultura americana poderia ter algo a ver com uma espécie de relutância original dos americanos em intervir em confrontos sem uma maciça superioridade tática. Quero dizer, a expressão 7 / 7 ( ele se refere ao atentado terrorista no sistema de transportes de Londres que ocorreu em 7 de julho de 2005, Nota do Tradutor ) significa algo para você ?

Wired: Claro.

Moore: Por ocasião dos atentados de 7 / 7 , foi anunciado alguns dias mais tarde que, logo que os primeiros dois trens haviam explodido, todas as forças Americanas que estavam em Londres foram levadas à distância segura pela auto-estrada M25. Após alguns dias, quando eles perceberam que era seguro voltar a Londres, eles também perceberam que pegaria mau, tipo sair correndo para fora da cidade, ao primeiro sinal de qualquer problema, quando o principal motivo para o ataque terrorista foi o apoio da Inglaterra a América na guerra do Iraque.

Me parece que a maciça superioridade tática pode ser uma chave para o fenômeno superherói . Isso por que em uma situação militar, se você tem bombas pra jogar do alto, é o equivalente a ter vindo de Krypton como um bebê e ter ganho força incomum e a capacidade de voar devido à menor gravidade da Terra. Não sei, isso pode ser uma interpretação simplista, mas essa é a maneira que eu sou levado a ver os superheróis hoje.

Não era assim pra mim. Não era isso que significava para mim quando eu era uma criança. O que eu tirava disso era este desenfreado mundo da imaginação, e o herói era um veículo perfeito para ele, quando eu era mais novo. Mas olhando para os heróis hoje, me parece uma enorme quantidade de Watchmens mas sem a ironia que em Watchmen nos usamos muito para falar sobre a tendência a abusos dessa justiça feita por vigilantes mascarados e o tipo de gente que iria com toda a certeza ser atraída a isso se estas coisas acontecessem em um mundo mais realista. Mas isso não era uma apologia.

Tenho a dizer que eu nem vejo uma revista em quadrinho, e muito menos de superherói, ha muito, muito tempo, há anos, provavelmente, quase uma década mesmo desde que eu olhei uma com atenção. Mas parece que as coisas que foram feitas como sátira ou crítica em Watchmen agora parecem ser simplesmente aceitas em sua superficialidade. Oh sim, eu to morrendo de inveja do conceito "caped crusader" do momento. ( Aqui ele provavelmente se refere a nova historia que Neil Gaiman esta escrevendo para Batman " whatever happened to the caped crusader " N. T. )

Você lembra que nos anos 80, houve uma incrível onda de preguiçosas e monumentais manchetes em revistas e jornais americanos e ingleses, algo do tipo : "Bam! Sock! Pow! Quadrinhos não são só para Crianças agora ." Eu achava que esses títulos eram apenas irritantes, mas é só recentemente que eu olhei pra trás e percebi como eles foram extremamente imprecisos. Os quadrinhos não tinham crescido, Bam ! Sock ! Pow !! . O que aconteceu foi que surgiram dois ou três quadrinhos que apresentavam, talvez pela primeira vez, fortes elementos adultos em suas composições. Isto foi considerado um milagre como um cachorro andando de bicicleta na década de 80. E não importa se ele estava andando bem, o importante é que ele estava andando.

Acho que um monte de gente, independentemente de ter ou nunca ter lido um livro como Watchmen, o usam apenas como uma desculpa. Acho que existe um surpreendente número de pessoas por aí que secretamente tentaram acompanhar as aventuras do Lanterna Verde, mas que acharam que teriam sido socialmente discriminadas se fossem vistas lendo um quadrinho em um local público. Com o advento de livros como Watchmen, acho que essas pessoas ganharam a desculpa pelo termo graphic novel. Todo mundo sabia que quadrinhos eram para crianças e para as pessoas intelectualmente inferiores, Graphic Novel (Romance Gráfico N. T.) soa como uma proposta muito mais sofisticada.

Isso soa como o tipo de coisa que um trintão ou um quarentão poderia ser visto lendo no metrô, sem constrangimento. Quando eu comecei trabalhar para a DC Comics, eu imaginei que a idade de meus leitores provavelmente estaria em algum lugar entre 9 e 13 anos, e agora eles estariam entre 13 e 18 anos. A média de idade do público de história em quadrinhos, e é assim desde o final dos anos 80, provavelmente está envelhecida de trinta a cinquenta anos, o que sustenta a idéia de que estas coisas não são compradas por crianças. Elas são comprados em muitos casos por nostálgicos desesperados ou, fazendo uma idéia pior, talvez sejam casos de desenvolvimento apegado a infância, não importa o quão banal sejam as aventuras dos seus vários heróis e ídolos.

Wired: Quando você estava trabalhando em seu ultimo material para a DC, ainda tinha os jovens como publico alvo?

Moore: Até o final da minha atuação original na DC eu era muito jovem, e ainda seguia os planos que tinha traçado quando era uma parte do fenômeno da explosão do gibis na Inglaterra na década de 1960. Acho que foi em 1967 provavelmente que houve a primeira convenção de quadrinhos britânica, e isso foi muito influenciado pelo espírito daquela época, que era muito inovadora. Como nas convenções americanas, que tinham começado algum tempo antes, eu acho que havia um elemento de nostalgia que se inseria nesse fenômeno desde o início. Aqui também tinha isso com certeza. Mas como disse, foi a década de 1960. A maioria dos fãs de quadrinhos que eu conheci na época eram proto- hippies de 14 ou 15 anos , como eu era. Eles estavam muito interessados no espírito inovador daquela época .

Então, havia um plano que seguiamos. Pensavamos que seria uma grande idéia se os quadrinhos pudessem ser reconhecidos como uma grande mídia que nos secretamente sabiamos que eles eram. E quando digo "nós", estou falando de 50 pessoas que apareciam no início dessas convenções, que era a soma de toda a gente deste país que já tinha ouvido falar de quadrinhos americanos. Naquela época a nossa idéia inovadora era : Não seria ótimo se as pessoas que fossem se envolver com as histórias em quadrinhos pudessem torna-las mais adultas, mais maduras, e mostrassem que tipo de temas poderiam ser tratados? Então essa era a meta que, 20 anos mais tarde, eu ainda seguia, no final da minha atuação na DC.


Na altura pensei que um livro como Watchmen talvez fosse desbloquear muitas possibilidades criativas, que talvez outros escritores e artistas na indústria iriam ver e pensar : "Isso é grande, mostra as possibilidades das história em quadrinhos. Podemos agora ter as nossas próprias idéias e graças ao sucesso de Watchmen teremos uma chance melhor de que os editores dêem uma atenção a elas " Eu estava esperando ingenuamente por uma grande onda de gibis autorais que explorassem idéias diferentes de narrativa e tentassem abrir novos caminhos.

Não foi isso que realmente aconteceu. Em vez disso, parece que a existência de Watchmen praticamente condenou a indústria mainstream dos quadrinhos a cerca de 20 anos de sinistras e muitas vezes pretensiosas historias que parecia ser incapazes de alcançar o enorme abismo psicológico que Watchmen tinha se tornado, ainda que essa nunca tenha sido minha intenção com o trabalho.

Quando voltei a trabalhar para eles - bem, eu não voltei. Eu era tipo terceirizado. A DC comprou a empresa com que eu tinha assinado contrato, o que é lisonjeiro e de uma forma, e muito assustador ao mesmo tempo. É como estar sendo perseguido por um namorada maluca e muito rica, que decide comprar toda a sua rua, a fim de estar perto de você.

Quando eu voltei a trabalhar, mesmo à distância, sob os auspícios da DC, eu tinha outras intenções. Bem, talvez fossem as mesmas intenções: fazer quadrinhos inovadores que adultos pudessem gostar. Mas eu estava então muito cansado da onda de morbidez que parecia ter sido desencadeada por Watchmen.

Quando eu estava trabalhando para a ABC, eu queria mostrar diferentes vias que os quadrinhos mainstream poderiam ter seguido, que eles não tinham de seguir Watchmen e os outros gibis dos anos 80 por aquele caminho sombrio e duro. Nunca foi minha intenção iniciar uma tendência para o lado sombrio. Eu não sou uma pessoa particularmente sombria ( dark, no original- N. T.) . Eu tenho os meus momentos, é verdade, mas eu tenho um senso de humor. Nos gibis da ABC eu tentei fazer histórias em quadrinhos que iriam talvez se dirigir a uma pessoa inteligente de 13 anos de idade, como eu fui, e que ainda satisfaria aos leitores contemporâneos, os homens de 40 anos de idade, que provavelmente o conheceriam melhor . Mas eu queria fazer um tipo de quadrinho que fosse acessível a uma variedade muito maior de pessoas, e continuassem a ser inteligentes, mesmo se eles fossem basicamente histórias de aventura infantis, como os gibis do Tom Strong.

Portanto, embora eu ainda estivesse comprometido com a inovação, que acho que fica evidente por algumas das coisas que fizemos bem experimentais em Tomorrow Stories em Greyshirt e em Cobweb, e as coisas incrivelmente experimentais que fizemos em Promethea, que acho que impulsionaram as possibilidades, as capacidades de um frívolo gibi, o máximo que já pude fazer pessoalmente. Algumas das coisas que fizemos em Promethea eram tão orgulhosamente inteligentes que eu ainda estou ardendo radiante três ou quatro anos mais tarde.
Foi uma mudança de foco. Eu não queria detonar outra onda de historias sinceramente infelizes sobre psicóticos vigilantes lutando contra vilões igualmente psicóticos. Eu queria fazer coisas que tivessem um clima novo, com uma atmosfera clara de amanhecer. E eu acho que, ate um certo grau, nós conseguimos, mas é claro que tudo terminou em lágrimas.



Agora estou bastante afastado das histórias em quadrinhos. Claro, é uma midia que sempre vou amar, e eu ainda estou trabalhando na Liga Extraordinária, mas acho que nem Kevin O'Neill nem eu a vemos no contexto de uma história em quadrinhos . Para mim, é uma das coisas que eu faço, como o novo romance, ou a música que eu trabalho de vez em quando, ou o livro de Magia. Estas são todas as coisas que eu faço. Não penso nelas num contexto de diferentes mídias e ainda penso em coisas novas para fazer nos quadrinhos, mas agora elas estão todas sublimadas na Liga, e nos estamos curtindo muito.

Estamos sendo o mais selvagemente experimentais quanto podemos. O primeiro livro do terceiro volume é realmente um musical, uma ópera. É provavelmente o mais destrutivo e mais negro de qualquer um dos livros da Liga até agora, o que incluiu o bombardeio aéreo de Londres na primeira edição, bem como a invasão de marcianos no segundo volume. Trata-se de alguma maneira, do mais negro de todos.

Mas tem um monte de músicas muito excitantes percorrendo todo ele. Porque, como sempre com a Liga, as aventuras são baseadas no cenário da ficção daquela época específica. Uma vez que este é fixado em 1910, achamos irresistível a idéia de incluir Bertolt Brecht e Kurt Weill . Então eu reescrevi o libreto para uma série das mais viscerais, darks, poderosas e sardônicas obras de Kurt Weill ( compositor alemão que tinha preocupação com questões sociais N. T.). Há um novo ", Mack the Knife ", um novo "Pirate Jenny", um novo ""MacHeath's Plea From the Gallows", um novo "What Keeps Mankind Alive" O epílogo da segunda parte deste volume em três partes se passa em 1976, onde temos uma versão punk de "Ballad of Immoral Earnings" chamados de ""Immoral Earnings in the UK". Eu estava preocupado em transformar A Liga Extraordinária em um tipo de cena de um filme ruim do Elvis, onde é só manter a historinha acontecendo e em seguida, alguém joga uma guitarra pro Elvis e todo mundo começa a cantar. Isso destrói qualquer possível realidade que tenha sido construída na mente do leitor, eu estava preocupado que isso acontecesse na Liga.

Só pensei, " o tipo de sentimento dramático que queremos criar neste livro vai ser prejudicado pelo fato de que temos personagens cantando?" Mas a forma como ele é trabalhado tende a fazer as cenas hyperreal, não menos real, apenas por causa da visão incrivelmente sombria e amarga de Bertolt Brecht ( dramaturgo e poeta comunista alemão, seus trabalhos também expressam preocupações sociais, foi parceiro de Kurt Weill N. T. ) . Estamos muito satisfeitos com a forma em que esta experiência funcionou. E esperamos no futuro continuar a expandir seus limites, tanto quanto pudermos. Mas isso é praticamente toda a extensão do meu envolvimento com os quadrinhos no momento.

Wired: A Liga é interessante devido à sua dependência de um vasto canône referencial. Tudo desde o Pulp ate Romances que foram escritos é citado.
Moore: Nos primeiros dois volumes trabalhavamos principalmente com personagens da literatura, porque personagens de literatura era tudo o que tinhamos até mais ou menos o final do século 19. Neste volume ( que é triplo ), a primeira parte fica em 1910, estamos usando personagens do teatro, assim como da literatura. Estamos usando todo o enredo da Threepenny Opera ( opera de 3 centavos, musical comunista da dupla Brecht / Weill - N. T. ) . No segundo, que se passa em 1969, temos acesso a todo cinema e televisão daquela época. Na terceira parte, situada no presente 2008, 2009, temos todos os personagens das novas mídias que tem evoluído ao longo dos últimos 30 anos.

É interessante, é um elenco de personagens em expansão, e eu presumo que estamos tentando propor uma espécie de teoria de unificação da cultura que atualmente conecta todos essas varias mídias, mesmo que sejam da cultura erudita, da cultura popular ou nenhuma cultura.

Wired: Como é que você se posiciona na passagem de homenagem a paródia e a citação se você esta comprometido com todos esses outros textos em manter o seu significado e falar sobre o que eles falaram?

Moore: Isso varia. Como, por exemplo, com o material do Brecht teremos um tecido meio descosturado na cronologia da Liga. Nossa "Pirate Jenny" não é tão trágica, indolente e fantasista do original de Brecht. Vou deixar para os leitores perceberem isso eles mesmos e não me aprofundar.

É uma questão de relacionar estas coisas, por vezes elas são obras menos conhecidas que pensamos que deveriam ser melhor conhecidas e estamos incluindo-as na esperança de que as pessoas possam realmente sair e buscar os livros originais. Às vezes temos personagens que são tão venerados que achamos que talvez sejam muito venerados, e gostaríamos de dar uma imagem mais fiel dos mesmos. Como por exemplo o personagem em The Black Dossier que ostenta uma considerável semelhança com James Bond. Bem, é James Bond, na verdade. Mas o que nós estávamos tentando fazer era mostrar as origens deste personagem, mostrar que James Bond de Ian Fleming era um personagem totalmente desagradável no seu início, era um machista nojento, com inclinações sexuais muito suspeitas, e não o personagem suave em que os filmes o transformaram. Queríamos o James Bond original com verrugas e tudo. Achamos que seria interessante para relacionar com vários livros, filmes e séries televisivas de espião que foram tão importantes durante os anos 60 e, para junta-los em uma rede coerente, com uma história coerente comum entre eles que me permitisse comentar sobre algumas das realidades dos Serviços de Inteligência e o seu trabalho em nosso mundo.

Fomos capazes de comentar algo sobre coisas como o fato de um número significativo de espiões MI-5 que foram recrutados a partir de universidades ou escolas públicas acabaram por se tornar agentes duplos, traidores para os russos, nomeadamente Kim Philby. Achamos muito interessante que Kim Philby era um grande amigo do escritor Graham Greene, que escreveu o roteiro do filme "O Terceiro Homem" ( clássico filme de espionagem dirigido por Carol Reed em 1949 - N. T. ) e baseou seu personagem Harry Lime em Philby. E ele próprio, Philby, era chamado apenas de Kim, porque o pai dele o identificava com o personagem Kim do livro de Rudyard Kipling, que tinha sido um espião, no Grande Jogo do Afeganistão nos anos 1880. ( conflito militar histórico entre Rússia e Inglaterra pelo domínio da Ásia Central N. T.)

Ate hoje, já descobrimos dois agentes duplos: Guy Burgess e Donald MacLean. Ha rumores que possa ter existido um terceiro agente duplo. Lembro que na década de 1960 as manchetes diziam, "Kim Philby É o terceiro homem". Eles ignoraram completamente o fato de que Kim Philby realmente ERA o terceiro homem, que foi nele que Graham Greene se baseou para criar o personagem.

George Orwell disse que baseou todos os apparatchiks ( agentes do governo - N. T. ) do Big Brother ( regime totalitario do livro 1984 - N. T. ) nos diretores de Eton, a escola pública em que estudou. Também descobri que Frank Richards, o viciado em jogo que escreveu livros do estudante Billy Bunter, entrou em uma desaconselhável polêmica pública com George Orwell, quando este escreveu uma crítica ao Billy Bunter, dizendo que eles eram livros racistas, imperialistas, que tratavam todos os estrangeiros e minorias como motivo de piada, e fez todas estas outras observações bastante precisas sobre os livros de Billy Bunter .

Ao que Richards respondeu que o Sr. Orwell estava sendo terrivelmente injusto com a sua inócua brincadeira de moleques, e sobre o tratamento de estrangeiros como motivo de zombaria, bem, eles eram. Essa não foi a melhor resposta a dar para alguém como George Orwell. No Black Dossier, fomos capazes de fazer observações sobre todas estas coisas. E, por vezes, A Liga irá, mesmo que esteja situada em um mundo de fantasia, comentar algum assunto que realmente pareça bastante relevante para o mundo em que estamos neste momento.

Sei que quando eu estava escrevendo o segundo volume sobre a invasão marciana nós estávamos apenas nos encaminhando para a guerra ainda em curso, no Afeganistão. Eu sei que havia elementos das coisas que eu estava vendo nos noticiários que estavam penetrando no meu pensamento, que, por sua vez, estavam entrando em algumas partes do diálogo em algumas das cenas daquele volume da Liga.

Então, sim, é um enorme mundo de personagens de ficção que nunca existiram . E é a um certo nível, um superelaborado jogo literário. Mas também somos capazes de encontrar todos os tipos de ressonâncias. A razão pela qual esses personagens ainda persistem é que eles ainda tem ressonância. Se você extrapolar as possibilidades nas suas aventuras e reuni-los uns aos outros, se você fizer isso bem, pode ampliar a sua ressonância e torna-los ainda significativos para o mundo de hoje. O tipo de machismo que é exemplificado por James Bond ainda se aloja na psique do homem moderno e, provavelmente, ainda precisa ser discutido. Algumas das tendências imperialistas que vigoravam durante a época de Allan Quatermain ainda continuam atuais quando discutidas hoje. Talvez estejamos nos referindo a um país diferente ou uma outra situação global, mas os princípios básicos são certamente atemporais, bastante persistentes.

É mesmo um grande jogo literário, mas ele nos permite abordar uma surpreendente quantidade de coisas que de alguma forma são relevantes para o mundo contemporâneo. Uma vez que temos todo o mundo da ficção, desde o início até ao fim do tempo para brincar e uma vez que podemos deixar cada personagem que já existiu em algum lugar no elenco reserva da nossa novela, então eu acho que Kevin e eu temos mesmo uma imensidão de idéias do que podemos fazer no futuro com a Liga. E acho que não vamos esgotar essas possibilidades por um bom tempo.



Wired: Poderia fazê-lo em outro suporte?

Moore: Não. Senão eu teria feito. Eu realmente acho que a Liga iria, bem, poderia ter funcionado. Houve uma época em que eu teria dito que, se algum dos meus gibis pudesse funcionar como filme, teria sido o primeiro volume da Liga. Foi construido de modo que poderia ter sido feito diretamente na forma de filme, e teria sido tão poderoso quanto era na publicação original. Mas isso é subestimar as tendências contemporâneas de Hollywood, onde eu simplesmente não acredito que qualquer um dos meus gibis poderiam ser beneficiados de qualquer forma por serem transformados em filmes. Na verdade, muito pelo contrário. As coisas que eu tentei incutir nos gibis eram, em geral, coisas adequadas apenas para as histórias em quadrinhos.

Eles tratavam de quadrinhos apenas, num certo sentido. Transplanta-los para a tela seria cortar 30 ou 40 por cento da razão pela qual eu quis fazer o trabalho.

Jerusalém, este enorme romance em que estou trabalhando, em que já completei dois terços e já possui algo em torno de 1500 páginas, só poderia ser feito como um romance, e como um romance incrivelmente longo . Não funcionaria como uma tira de quadrinhos. Ele não tem o ritmo exato de uma tira. É algo que foi projetado para funcionar como prosa e ocasionalmente pedaços de poesia, como A Liga foi concebido para funcionar como um gibi, ou um Romance Gráfico, se todo mundo insiste.

Muitos dos efeitos da Liga, as coisas que todo mundo se lembra, são inerentes aos quadrinhos. Se você fizer A Liga em um filme, mesmo se você tentar, digamos, "permanecer fiel a minha história ou o meu diálogo" Eu quero dizer, o que é tão improvável quanto absolutamente impossível, mas digamos que isso acontecesse. E arte do Kevin???? Ela é uma parte integrante do sentimento da Liga que não poderia ser feita por qualquer outra pessoa além dele. Eu acho que ele é provavelmente um dos maiores e mais originais artistas que trabalham nessa mídia no momento devido a sua influência, o seu estilo, que vem mais da ilustração Inglesa, dos quadrinhos britânicos, do que de outro lado do Atlântico. Eu não estou dizendo que isso é ruim, mas uma enorme quantidade de pessoas aqui, inclusive eu, foram mais influenciadas pelo material americano quando eramos crianças do que pelo que foi, agora vejo, o brilhante material britânico. Kevin sempre teve um absurdo e grotesco senso britânico em seu trabalho.

Acho que o material que ele está fazendo neste novo volume, eu sei que digo isto em todo novo volume da Liga, mas acho que é o melhor trabalho do Kevin. É sempre assim. Eu realmente não posso dizer nada diferente. É extraordinário. Ele se superou novamente.

Em um filme não é um desenho de Kevin O'Neill. E não ligo pra quanto CGI tenha. Não se trata de um desenho de Kevin O'Neill. Quando penso na Liga Extraordinária são os desenhos do Kevin que eu quero ver, a narrativa dele, ou a narrativa que é a combinação de nossos esforços. Estas são as coisas importantes para mim na Liga.

É como a idéia sobre o filme do Spirit que fizeram. Quer dizer, eu diria que é bastante óbvio que Spirit não é sobre um cara que usa uma máscara azul que combate a criminalidade de seu falso túmulo em um cemitério. Que o Spirit é, na realidade, sobre os quadrinhos na página, a forma que o nosso olho se desloca de um quadrinho para outro. Isto provem das formas inovadoras, layouts e designs que Will Eisner trouxe para os quadrinhos. Você não pode traduzir isso em um filme. Por mais que Eisner adorasse cinema e tentasse levar suas técnicas para os quadrinhos tanto quanto possível, há algumas coisas das páginas de Will Eisner que você simplesmente não pode traduzir de volta para o cinema. Acho que ele teria sido inteligente o suficiente para saber isso.

Acho que a adaptação é uma grande perda de tempo em quase todas as circunstâncias. Há provavelmente coisas singulares que venham provar que estou enganado. Mas seriam mesmo exceções. Se uma coisa funciona bem em uma mídia, naquela em que foi projetada para funcionar, então o único motivo possível para querer realiza-la em "múltiplos formatos", como dizem hoje em dia, é fazer um monte de dinheiro fora dela. Não existe nenhuma consideração pela integridade do trabalho, e essa é de longe a única coisa em que eu estou interessado.

Eu tenho dinheiro suficiente para ter conforto. Eu vivo confortavelmente, posso pagar as contas no final do mês. Eu não quero uma enorme quantidade de dinheiro pra ter que diluir algo que me dá orgulho. Isso descreve muito bem a minha atitude com relação a idéia de qualquer um dos meus trabalhos ser adaptado para outra mídia.

Wired: Você teve o problema não só da dificuldade de adaptação, mas também o de ter sofrido por algumas adaptações muito ruins.

Moore: Eu nunca assisti a nenhuma das adaptações de meus quadrinhos. Eu nunca quis, e não há absolutamente nenhuma chance de fazer isso futuramente.Eu não tenho mesmo sofrido por eles, embora tenha havido uma certa quantidade de irritação e comportamento injurioso por parte da indústria de quadrinhos e do cinema pelo qual eu tenho sofrido. Mas eu já espalhei essa retórica amarga por ai. Tenho certeza que as pessoas podem procurar os artigos se assim desejarem.

Meus quadrinhos ainda são os mesmos que eram antes de serem transformados em filmes. Eles não foram alterados. Eu lembro de uma resposta, eu acho que foi Raymond Chandler, que foi questionado sobre o que ele sentia tendo seus livros "arruinados" por Hollywood. E ele levou a pessoa em seu estúdio e mostrou que todos os seus livros estavam na estante, e disse: "Olha, é ali que eles estão! E estão todos bem. Eles não foram arruinadas. Eles continuam lá." E eu acho que é bem essa a minha atitude. Se meus quadrinhos são tão bons como penso que são, então são eles que vão permanecer. E se os filmes são tão ruins como penso que são, então eles não vão permanecer. Acho que veremos isso no fim de tudo, que seja assim.

Wired: Entre as entrevistas do documentário The Mindscape of Alan Moore, você disse que tentou explicar isso para o diretor Terry Gilliam.

Moore: Acho que Terry entendeu o meu lado. Quando nos encontramos principalmente - o que só aconteceu porque eu pensei que seria realmente muito legal encontrar Terry Gilliam, e foi mesmo - O Sr. Gilliam me perguntou o que eu achava de traduzir Watchmen em um filme, e eu respondi : "Se alguém tivesse me perguntado Terry, eu teria aconselhado a não fazer isso." Acho que Terry é um homem inteligente e chegou à essa conclusão por si próprio. E eu acho que ele disse algo nesse sentido, que ele pensou que era algo que provavelmente deveria ser deixado como uma historia em quadrinho e não deveria ser feita em um filme.

Essa tem sido a minha atitude há um longo, longo tempo agora. Só que a minha atitude talvez tenha ficado mais dura e enraizada, assim como as minhas artérias endureceram e eu envelheci. Estou um pouco mais veemente e vociferante do que quando eu era um imberbe jovem na casa dos 30.

Wired: Pode ser mais específico sobre as coisas que os quadrinhos como uma mídia podem fazer melhor do que outras mídias?

Moore: Uma coisa é que com os quadrinhos, e isso foi provado - creio que por testes do Pentágono no final do anos 80 - que os quadrinhos são realmente o melhor meio para transmitir informações as pessoas de uma forma que elas irão reter e lembrar. Não é apenas eu que digo isso, é o Pentágono. Pessoalmente acho que - e isto é apenas baboseira pseudo-científica de um hippie - acho que deve ser assim porque a forma de percepção do que costumava ser chamado o nosso cérebro esquerdo é a palavra. Nosso cérebro esquerdo é o que processa o discurso e a racionalidade. A forma de percepção do nosso cérebro direito, pelo contrário, seria a imagem, porque o cérebro direito é pre-verbal.

Então talvez seja por causa da combinação de palavras e imagens em um formato legível que os quadrinhos tem esse poder único. Agora, evidentemente, os filmes são uma combinação de palavras e imagens, mas ela têm uma estrutura completamente diferente e uma forma completamente diferente de trabalhar. Nos filmes você é arrastado através da cena por implacáveis 24 fotogramas por segundo. Nos gibis você pode trazer de volta seus olhos para um quadro anterior, ou pode voltar um par de páginas para verificar se existe alguma referência na caixa de diálogo para uma cena que aconteceu anteriormente.

Você também pode gastar quanto tempo quiser absorvendo cada imagem. Isto é especialmente verdadeiro no caso de Watchmen, onde eu estava tentando tirar vantagem da brilhante capacidade de Dave Gibbons como um ex-engenheiro para a inclusão de uma incrível quantidade de detalhes em cada pequeno painel, para que pudéssemos coreografar cada pequena coisa. Os pequenos símbolos e sinais que aparecem no fundo, cada pequeno toque poderia ser coreografado ate o último detalhe, nós sabíamos que o público faria a leitura em seu próprio ritmo, e seria capaz de estudar cada painel e se ater nestes detalhes quase subliminares. Mesmo o melhor diretor do mundo, até mesmo uma pessoa tão talentosa como Terry Gilliam, não poderia reunir a mesma quantidade de informação em alguns fotogramas de um filme. Mesmo se o fizesse, passaria muito depressa. Porque o público em uma sala de cinema não controla a experiência da mesma forma que um leitor faz.

Uma das minhas grandes objeções ao cinema como mídia é que ele é muito imersivo, acho que nos transforma em uma população de preguiçosos e vadios sem imaginação. O absurdo a que chega o cinema moderno com seus efeitos de CGI afim de poupar a audiência do incomodo de ter que imaginar algo provavelmente vai ter um efeito incapacitante sobre a imaginação das massas. Você não precisa fazer nada. Com uma história em quadrinho tem bastante coisa pra fazer. Mesmo que você tenha imagens ali, você tem que preencher todas as lacunas entre os quadros, você tem que imaginar as vozes dos personagens. Você tem um trabalhão pra fazer. Não tanto trabalho quanto em um livro sem ilustrações, mas você ainda tem bastante trabalho.

Acho que o trabalho que exercemos para apreciar qualquer Obra de Arte é uma parte importante dessa apreciação. Acho que gostamos das Obras que nos envolvem, que entram em uma espécie de diálogo com a gente, já com o cinema você se senta aí na sua cadeira e aquilo passa na sua frente . Aquilo te diz tudo, e você realmente não precisa pensar muito. Existem alguns filmes que são muito, muito bons e que podem envolver o espectador em sua narrativa, em seus mistérios, em suas desdireções. Há muitos filmes que você assiste e que se passam na sua cabeça. Esses são provavelmente os bons filmes, mas não são muitos hoje em dia.

Parece que existe um público que exige que tudo lhes seja explicado, que tudo seja fácil. E eu acho que isso não faz bem a nossa cultura. A facilidade com que podemos realizar ou conjurar qualquer eventual cenário imaginavel através de CGI é quase diretamente proporcional à forma como estamos ficando desinteressados em tudo isto. Eu lembro dos esqueletos animados de Ray Harryhausen em Jasão e os Argonautas. Eu lembro do King Kong de Willis O'Brien. Eu lembro de ficar admirado da maestria artistica que tinha feito essas coisas possíveis. Sim, eu sabia como era feito. Mas parecia tão maravilhoso. Hoje em dia eu posso ver meio milhão de Orcs descendo ao longo de uma colina, e estou entediado. Eu não estou impressionado. Porque, francamente, eu poderia chamar alguém, um pedestre na rua, que poderia obter o mesmo efeito se você desse a ele meio milhão de dólares para fazer isso. Isso tira a Arte e imaginação e coloca dinheiro no controle, e eu acho que há uma equação perfeita da relação inversa entre dinheiro e imaginação.

Se você não tem nenhum dinheiro, vai precisar de muita, muita imaginação. É por isso que foram feitos filmes brilhantes por pessoas que trabalhavam com uma micharia, como os primeiros filmes de John Waters. As pessoas são levadas a inovação pelas limitações do seu orçamento. O oposto é verdadeiro, se eles tem 100 milhões, digamos, só um exemplo, para gastar num filme, então eles de alguma maneira não veêm a necessidade de criar uma história ou uma narrativa decentes . Parece que esses valores são jogados fora. Ai existe uma relação inversa.

Wired: São relações diferente das capacidades intrínsecas da mídia. Tem a ver com aproveitamento. É possível fazer um bom ou um mau quadrinho.

Moore: Claro, e é possível fazer um bom filme e um mau filme. Só que não vejo uma boa quantidade de bons filmes ou bons gibis, e considerando a enorme quantidade de dinheiro que são injetados na produção dessas coisas, eu acho que seria ideal que houvesse uma qualidade muito maior. Sim, muitos grandes filmes com os seus orçamentos de US $ 100 milhões ou mais, se fizerem sucesso, dão um bom retorno para o estúdio, eu acho, mas isso é depois de seis ou sete que realmente não pagaram as suas despesas. Você tem que pensar nisso em termos de impacto ambiental e econômico. Eu pensaria sobretudo no clima atual, quando a economia mundial parece estar descendo pelo ralo, talvez devessemos começar a pensar sobre como lidar com a nossa cultura de forma diferente. Deveriamos ser mais conservadores na hora de dar estas enormes quantidades de dinheiro aos nossos diretores de cinema, nossos atores , nossos heróis dos esportes, ou, EI !, os nossos escritores de quadrinhos!

Entretanto nos não somos culpados. Nós realmente não ganhamos tanto quanto os heróis do esporte ou os astros do cinema, isso deve ser dito. Deviamos começar a repensar tudo isso. Realmente vale a pena gastar todo esse dinheiro? Perder todos esses recursos? Quero dizer, 100 milhões poderiam muito bem resolver o horripilante problema da fome no Haiti. Ouvi dizer isso outro dia. Deviamos começar a mudar as nossas prioridades, e não apenas ficar tentando nos anestesiar eternamente com televisão e filmes porque estamos entediados com as nossas vidas no obsceno e rico mundo ocidental. Deveriamos mudar um pouco as nossas prioridades. Se vamos gastar o nosso dinheiro em filmes, então vamos começar a valorizar as pessoas que produzem coisas maravilhosas com muito pouco. Vamos parar com essa fascinação infantil pelo que não passa essencialmente de fogos de artificio.

A maioria dos filmes que eu vejo parecem se destinar a uma crítica ao nível de fogos de artificio. É ooh!! e ah!!. Estas parecem ser as únicas respostas adequadas para a maioria dos filmes modernos. Acho que estamos em um período de reavaliação cultural. Espero sinceramente que seja verdade, por que se não for assim, então estamos em um período de danação cultural. Eu acho que estamos obviamente caminhando para o inferno, e temos de mudar as nossas prioridades. Temos que repensar toda essa coisa, e acho que repensar a nossa cultura também faz parte. Espero que seja assim.



Wired: Você mencionou Jerusalém e sua música. Há mais alguma coisa que eu deva saber?

Moore: Tem o Bumper Book of Magic em que estou trabalhando com meu amigo e inspirador Steve Moore ( não é parente ). Esperamos que quando o terminarmos, provavelmente em um par de anos, ele seja o mais lúcido, o mais belo e provavelmente o mais informativo e divertido Grimorium que alguém já produziu. Será a primeira vez que um livro dessa natureza, um enorme compêndio de magia que explica sua teoria, sua prática e a sua história, e que inclui varias outras características maravilhosas, será a primeira vez que isso é feito para um mercado de massas.

Todos os magos de antigamente que já publicaram Grimoriums fizeram isso para uma elite de esotéricos, e principalmente em uma linguagem que só seria compreensível para as pessoas já com uma boa quantidade de conhecimento arcano. O que estamos tentando fazer é tornar isso, eu diria, completamente lúcido, para desmistifica-lo e ao mesmo tempo para restaurá-lo em uma posição de reverência, que achamos que deveria ocupar.

Uma das coisas que tem sido bem divertida é uma atração que aparece em todo o livro, uma série de chamadas de uma página: "As Vidas dos Grande Feiticeiros pelo Titio Moore," onde nós começamos com a dança do feiticeiro, a ilustração da caverna francesa Les Trois Freres, que é uma ilustração de uma xamã dançando com chifres de viado. Tomamos isso como o primeiro registro mágico. E falamos um pouco sobre as possibilidades do xamanismo neolítico e sua visão de mundo. Passamos pelos Magis da Pérsia e por praticamente todos os mais importantes magos famosos na história. Nós descobrimos algumas coisas incríveis pesquisando tudo isso e provavelmente fomos conformistas por que acreditavamos que já sabiamos tudo sobre estas coisas e estas pessoas. Nós descobrimos uma incrível quantidade de novas informações.

Nós descobrimos de onde veio a Cabala. Ela não é hebraica, é da Grécia Pitagórica. Foi Pitágoras quem primeiro sugeriu acrescentar três esferas as sete esferas clássicas. Ele disse: Isso é ótimo, mas você precisa de outras três esferas. Precisa de uma para representar a Terra, de uma para representar as seis estrelas do Zodíaco, e uma para representar o Primum Mobile, o primeiro movimento, ou as origens do universo, o Big Bang. Ela ainda tem, obviamente, um elemento hebraico na sua construção, mas o que aconteceu é que os Pitagóricos já tinham esse sistema delineado, 10 esferas, cada uma com suas correspondências. Isso teria sido traduzido para vários idiomas, incluindo o hebraico, em Alexandria mais ou menos entre os anos 100 aC e 100 dC., e haviam estudiosos de todo o mundo passando por Alexandria. O que deve ter acontecido é que os estudiosos Judeus pegaram esse material Pitagórico e perceberam que tinha um sistema de contagem de base 10, que seria adequado a sua matemática, e que eles poderiam traçar 22 linhas entre as 10 esferas, representando as 22 letras do alfabeto hebraico. Dai eles a pegaram e levaram embora e desenvolveram a cabala como é hoje. Mas as raízes são originalmente Pitagóricas.

Nós descobrimos quem foi Fausto. E como a história meio confusa do Dr. Fausto o mago malvado realmente evoluiu. Estamos ambos bastante contentes. Descobrimos ainda que a Magia Enochiana do Dr. Dee, que consistia nos nomes dos anjos escritos de trás para frente em um alfabeto mágico inventado, foi tirada por ele das idéias de Paracelso, que tinha um alfabeto mágico com o qual escrevia os nomes dos anjos ao contrário. Isso é uma coisa que nenhum de nós já havia lido em qualquer consideração sobre John Dee. Então nós estamos realmente animados.

Parece que descobrimos algo novo sobre cada mago que estudamos. É um livro muito divertido de fazer. Vai incluir um baralho de tarô completo em que irei trabalhar com José Villarrubia. A base lógica do tarô é que, se não é tão bom quanto o tarô de Aleister Crowley, então nem vale a pena se incomodar de fazer. Ele deve ser superado ou igualado. Não é interessante fazer um tarô que não seja tão bom quanto ele. Esse é o nível que estamos buscando. Queremos incluir um jogo de tabuleiro da Cabala. O vencedor é basicamente o primeiro que chega a uma Iluminação, desde que ele não leve muito a sério. Além disso, Melinda [Gebbie, companheira de Moore] também estará contribuindo fazendo um templo destacavel para os magos modernos carregarem, um pequeno santuário portátil.

Queremos que tenha muitas coisas divertidas incluídas, utilidades divertidas. Algo que deliciaria uma criança. Nós queremos fazer dele não apenas um livro perfeitamente lúcido e preciso sobre a Magia, nós realmente queremos fazer um livro sobre Magia que não decepcione uma criança de 8 anos que venha a encontra-lo. Quando eu era criança e ouvi falar pela primeira vez em Magia eu meio que sabia tipo instintivamente o que seria um livro sobre o assunto. Seria inimaginavelmente maravilhoso. Teria coisas fantásticas nele. Seria muito melhor do que os infantis gibis anuais que eu ganhava no Natal, seria maravilhoso. É bem isso que tentamos alcançar. Queremos que seja Magia acessível a pessoas adultas modernas e inteligentes. E nós também queremos que seja Magia que as crianças de 8 anos também reconheçam como Magia, e que seja tão bonita e gloriosa e divertida como elas sempre esperaram que a Magia fosse.

Existem outras coisas acontecendo. Acabei de escrever uma introdução para uma nova edição do Livro do Prazer de Austin Osman Spare e fiquei muito contente de ter feito isso. Essas são as coisas que me mantem ocupado, as três coisas principais.

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Roteirista do filme Watchmen pede penico

>> domingo, 15 de março de 2009


Mesmo com atores pouco famosos, ser classificado como R e ter quase três horas de duração, o que diminui o número de sessões do longa por dia, Watchmen - O Filme arrecadou US$ 55 milhões. Mas o esperado eram US$ 60 milhões. A possibilidade do filme, orçado em US$ 130 milhões, não ser um sucesso comercial preocupou o roteirista David Hayter, que publicou uma carta aberta no site HardcoreNerdity, conclamando os fãs para assistirem à produção novamente.

Ele fez esse apelo porque não quer que o longa seja esquecido e que os estúdios parem de financiar adaptações sérias e fieis como Watchmen - O Filme. "Por anos ouvi reclamações dos verdadeiros fãs de comic books dizendo que poucos filmes levam a sério o material de onde se baseiam. ´Boa parte dos filmes ficam mais leves´ ou ´eles mudam grandes histórias só para serem comercias´. Eu desafio você a falar uma dessas coisas sobre este longa", escreveu Hayter. Ele continua, afirmando que Watchmen - O Filme é uma produção feita por fãs e para fãs, e que várias pessoas investiram anos das suas vidas para fazer este longa acontecer e todos estavam comprometidos em manter a integridade da obra original. Para o roteirista, a produção de Watchmen - O Filme é uma rara história de sucesso, que foi construída no limite do impossível e, agora, todos os estúdios querem ver se vai dar certo. Por isso, ele pede para que os fãs voltem aos cinemas para demonstrar o poder que eles tem, já que isso vai ajudar os financiadores desse tipo de produção perceberem o que eles querem realmente assistir. "Se Watchmen sair do radar depois da primeira semana, eles nunca vão permitir que uma obra como esta seja produzida novamente"

Segundo Hayter, seu apelo não tem a ver com questões financeiras, mas por considerar Watchmen - O Filme e o comic book que o originou obras "especiais e únicas que não deveriam ser esquecidas".

O filme acaba de cair para a terceira possição nessa Sexta, veja os números atualizados:

1. Race to Witch Mountain $6,750,000
2. The Last House on the Left (2009) $5,582,000
3. Watchmen $5,425,000

http://www.boxofficemojo.com/daily/chart/

Domestic: $73,360,000 73.4%
+ Foreign: $26,632,667 26.6%

--------------------

= Worldwide: $99,992,667

http://www.boxofficemojo.com/movies/?id=watchmen.htm


Se fodam ai Warner, Snyder e roteiristazinho, tomara que a bilheteria domestica não cubra os custos do filme pra ficar evidenciado o fracasso desse "visionário" filme.

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A diarreia mental do Snyder vem ai!

>> quarta-feira, 4 de março de 2009

Infelizmente está chegando o dia do "visionário" diretor de 300 profanar o melhor gibi de todos os tempos! Nesta Sexta Watchmen chega aos cinemas cheia de cenas em camera lenta, vilão com mamilos de borracha e final alterado para a massa de ignorantes conseguir entender. Cansei de falar dessa bosta por aqui, mas basicamente esse será um filme ruim por que o Snyder (como confiar num cara que no seu terceiro filme já se considera um visionário?) vai transformar uma história mais cabeça em um filme pipoca! Várias partes que ficam subentendidas na hq são mostradas de forma descarada pois o publico médio é idiota demais para entender as sutilezas do roteiro e tem que se escancarar tudo na cara do pessoal para eles entenderem, e vão encher de cenas de porrada pra molecada curtir (embora, como é camera lenta, se fosse na velocidade normal elas seriam bem curtinhas).

Enfim, eu recomendo que vocês não vão ao cinema ver essa bosta confeitada, não gastem seu rico dinheirinho com essa merda! Se quiserem ver mesmo peguem em algum Torrent da vida.

(alias, se algum dos nossos leitores puder manda aí o link do Torrent disso quando sair pra eu poder malhar ponto por ponto onde eles erraram, pois não vou ao cinema ver isso)

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Watchmen e Alan Moore

>> terça-feira, 10 de fevereiro de 2009



Reparem no "leitor de quadrinhos" que aparece nessa matéria, esse é o tipico nerd babaca que paga R$90,00 num gibi cagado com erros de tradução e acha que tá tudo bem, que gibi é isso!

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Trailer japa de Watcmen e relacionados

>> quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Agronopolos, o bi?!

Sabia que saiu o trailer japonês de Watchmen, a bosta de filme que a Warner pretende (espero que não consiga) lançar esse ano? Pois olha ai embaixo:



Realmente o Japão é um país superior, pois esse é até o momento o melhor trailer que já saiu desse filme (o que não quer dizer nada, pois todos foram ruin, acho que o legal nesse foi a voz do japa narrando).

Eu sempre bato nesse filme por aqui pois Watchmen (o original de Alan Moore) foi E É uma obra muito importante para os quadrinhos, e não é uma história fácil ou bobinha, é simplesmente a obra que redefiniu os quadrinhos de super-hérois! Se fosse para adaptar teria que ser algo mais sério, não esse lodo com mamilos de borracha, cenas em camêra lenta, final alterado e cheio de cenas longas de ação pra agradar o criaredo que quer um mero filme pipoca!

Mas sabem qual a nova que o diretor dessa bosta falou?! Que tem muita vontade de adaptar Batman o Cavaleiro das Trevas do Frank Miller pro cinema!


O Gonzo das trevas

Olha o delírio do camarada, achar que vai conseguir fazer um filme do Batman depois do ultimo filme do Nolan (esse sim um diretor de verdade) faturar UM BILHÃO mundialmente! Claro, isso vindo de um estúdio sério, mas da Warner que é sempre capaz das maiores trapalhadas podemos esperar tudo! Mas como tenho certeza que esse filme vai naufragar, podemos esquecer essa posibilidade, e ai poderei usar a minha gif favorita para demonstrar mais uma cagada da Warner...

http://fotos.subefotos.com/6a66a077aa2e926d6cc8db43c941cc74x.gif

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CHUPA SNYDER

>> quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Natal?! Prefiro o Festivus!



Noticia maravilhosa acabando de chegar: no primeiro julgamento da briga entre pelos direitos do filme de Fox e WarnerWatchmen o juiz decidiu que a Fox tem NO MÍNIMO o direito de distribuir o filme, e que as empresas deveriam trabalhar para chegarem a um acordo, mas cê acha?! Cê acha que a Warner vai aceitar isso na boa?! Claro que não, eles não vão aceitar!



Agora é torcer para adiarem a data de lançamento e esse processo demorar muito a se resolver!





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Novos trailers de Watchmen

>> quinta-feira, 11 de dezembro de 2008





Se a internet transmitisse cheiros esses trailers iriam exalar um cheirinho de bosta.

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Game de Watchmen

>> sexta-feira, 21 de novembro de 2008


Clique aqui e veja as outras imagens.

Bem, como tudo relacionado a esse filme está abaixo das expectativas, mas como eu não vou jogar mesmo, que se dane! Eu perdi minha paciência para com os vídeo-games, tudo uma bobagem e como não sou mais moleque perdi o interesse. Mas pior são uns velhos que ficam perdendo tempo com joguinhos, chegando a se prestar a criarem site de layout confuso pra resenhar joguinho e sequer pra se prestarem pra disponibilizarem roms pra quem passa lá! Sabem o que é isso?! Falta de buceta na vida do camarada, se tivesse uma buceta na vida do camarada ele não perdia tempo com essas bobagens!

EVOLUA DESGRAÇADO, EVOLUA FILHO DA PUTA!!!

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Novo trailer legendado de Watchmen

>> quinta-feira, 13 de novembro de 2008



Eu ia desancar esse lixo, mas você já sabe o que penso, me sinto muito repetitivo, me faltam adjetivos para o nojo que senti ao ver isso!

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Léo Áquila em Watchmen

>> terça-feira, 11 de novembro de 2008

Esse modelito promete ser a nova moda na próxima parada gay de SP, esse Léo Áquila sempre inovando!

Cara, cada novidade que sai de Watchmen é uma DCpção! Juro pra vocês que a primeira coisa que me veio a mente quando vi isso foi aquele gritinho afetado do César Polvilho, como é mesmo que ele faz...?


UUUOOOOOOOOOOUUUU!!!

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Et com cara de vagina não é elegante...

>> segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Mas mostrar o Manhattan boludo tudo bem. Como queima esse Synder!

Chegaram novidades do filme de Watchmen, em entrevista Synder fala do novo trailer que sai sexta no filme do 007, e fala novamente sobre a alteração que fez no final do filme:

"Tem gente esbravejando por causa do monstro. Mas o que eles deveriam estar querendo saber é se eu conservei as coisas mais fortes, como uma mulher grávida levando um tiro ou a frase 'Deus existe e é americano'. Esse é meu ponto de vista, talvez eu seja louco", diz. O diretor, porém, afirma que as cenas finais dos personagens estarão no filme, bem como os "imperativos morais" do final. "Eu mudei o monstro, que eu via como um problema, por um desfecho mais elegante que eu gostei", concluiu, informando que apesar dos boatos, ele não filmou vários finais, mas apenas um.

Quem já leu a hq (e entendeu ela, o que parece não ser o caso do diretor) sabe que os alieniginas não são um mero "detalhe" e sim um dos principais pontos da história, pois foi por causa dessa invasão que os EUA e a URSS deixaram as diferenças de lado e se uniram num objetivo em comum. E do jeito que está o roteiro atual não fará sentido os dois lados se unirem. Synder, volta a adaptar Frank Miller, que pra tentar as obras do Alan Moore não da certo!

E você que ainda não teve o prazer de ler essa hq clique aqui e veja por que essa história não tem como ser adaptada satisfatoriamente no cinema.

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Novo trailer de Watchmen em alta qualidade

>> sexta-feira, 24 de outubro de 2008



Cada vez que vejo algo relacionado a esse filme é uma decepção! Sinceramente, moleque que se diz fã de Watchmen e fica batendo punheta pra esse filme deveria levar chute no estômago até sangrar pela boca!

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O mestre solta o verbo

>> sexta-feira, 19 de setembro de 2008


Em entrevista recente Alan Moore soltou o verbo sobre o filme de Watchmen, Hollywood e o mercado de quadrinhos. Vamos ao que ele disse:

"O que posso lhe dizer é que vou ficar cuspindo veneno por tudo [relacionado ao filme] nos próximos meses", disse Alan Moore, em entrevista ao blog Hero Complex, do Los Angeles Times, sobre a adaptação cinematográfica de Watchmen.

O problema não é com este filme em si, mas com a indústria cinematográfica como um todo, segundo a entrevista. "Acho que o cinema na sua forma atual é muito prepotente. Ele nos dá comida na boca, o que dilui nossa imaginação cultural coletiva. É como se fôssemos passarinhos recém-saídos dos ovos olhando pra cima, com nossas bocas bem abertas, esperando que Hollywood nos alimente com um vômito de vermes. O filme de Watchmen parece mais vômito de vermes. Eu, pelo menos, cansei de vermes.

Será que o filme um dia vai sair? Tem esses problemas jurídicos agora, que eu acho lindamente irônicos. Talvez ele esteja amaldiçoado à distância, da Inglaterra.

Há três ou quatro empresas agora que existem somente para criar não quadrinhos, mas storyboards para filmes. Pode-se dizer que a única razão pela qual a indústria dos quadrinhos ainda existe é essa, para criar personagens para filmes, jogos de tabuleiro e outras mercadorias. Os quadrinhos são uma espécie de horta onde crescem franquias que podem ser rentáveis para a indústria cinematográfica debilitada"

Como sempre Alan Moore está mais do que certo naquilo que fala, principalmente no que se refere a esse filme que estão fazendo de Watchmen, babaquinha que fica ai batendo punheta pra esse filme por causa de umas imagens do Rorschach tem mais que tomar no cu!

Pessoal se contenta com muito pouco, vá se fuder!

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