Cotas para o cinema
- Temos o oriental?
- Temos.
- E o nativo-americano?
- Temos.
- E o afro-americano?
- Até agora não.
- Mas como? Eu não posso fazer um filme sem um representante de toda e qualquer etnia possível. Vocês não sabem o trabalho que foi encontrar um esquimó para essa produção.
- O Will Smith disse que não tem cachê que pague fazer o papel de Hitler.
- Mas o filme é sobre Hitler, já colocamos os brancos nos papéis de judeus do campo de concentração, o cigano, o oriental e o esquimó no de minorias perseguidas… Só falta o afro-americano para o papel principal.
- Mas chefe, tem que ser um afro-americano no papel de Hitler?
- Presta atenção. O Brad Pitt fica o tempo inteiro fazendo filho ou correndo atrás da babá, o Mel Gibson está tão enrugado que só convenceria no papel de cotovelo de Hitler, o Harrison Ford está em lua-de-mel, e jurou que depois do mico de “Indiana Jones 8 e a Busca Pelo Neto Perdido” só faz filme produzido, dirigido e escrito por ele mesmo.
Além do mais, o sindicato dos atores barra todo e qualquer filme que não faça justiça à formação étnico-cultural do nosso país. Lembra quando tivemos que colocar a Rihanna no papel de Branca de Neve ou o filme não saia?
- Tive uma ideia, mas…
- Fala.
- Não, não ia dar certo. O cara nem fala inglês, eu acho.
- Estou aberto a qualquer sugestão, desembucha.
- Tem um ator brasileiro, eu vi um vídeo dele em um desses sites, daqueles sites, para ser mais exato.
- Serve, descobre o telefone do agente e entra em contato, qualquer coisa a gente dubla ele para inglês.
- Então tá. Srta. Stevens, descubra o telefone do agente do Kid Bengala, para ontem!