Mande seu dinheiro para a Itália.

>> segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Daqui a alguns dias começa a tocar Simone num looping infinito.
Não sei se vocês viram, mas saiu no Judão uma noticia de que a ideia nefasta de cotas para o quadrinho nacional foi abolida e agora o projeto de lei que tramita é para dar incentivos fiscais para as editoras que publicarem um percentual x de quadrinhos nacionais.

Os números seriam os seguintes: desconto de 50% do IR pra quem publicar 35% de hq nacional por ano e 25% do IR pra quem alcançar a marca de 25% de quadrinhos brasileiros. Para isso seria considerados o número de páginas e não seria algo obrigatório, a editora optaria em fazer isso ou não.

Tudo muito legal, tudo muito bonito... mas estamos no Brasil né?! Esse texto "maravilhoso" vai ser tão alterado até a votação e vai sair algo bem diferente que só vai atrapalhar ainda mais o mercado. E mesmo que acabe sendo essa lei a aprovada...



Pensemos o seguinte, a principal editora brasileira (que não é brasileira, é italiana) de quadrinhos, que teria bala na agulha pra bancar um investimento em autores nacionais já tem a Mônica e cia no seu catalogo, se quiserem obter esse beneficio basta aumentar o número de páginas das revistas e pronto. E as outras editoras que são medias ou pequenas fazem o que?! Como a lei fala em número de páginas e não em tiragem, acho que as editoras vão acabar lançando qualquer porcaria com tiragens ridículas só pra conseguir esse beneficio ou as malditas adaptações dos nossos "clássicos" literários (que são os responsáveis pelos jovens terem aversão a leitura) que eles vão tentar empurrar pro estado. Se a editora fizer um lobby legal e vender essa tranqueira pro estado ganha duplamente, mas se não conseguir pelo menos vai ter 50% de desconto no IR o que já é um excelente negocio. É o estado bancando uma "industria" que faz obras que ninguém vai ler, apenas vão ficar pegando pó nas estantes das bibliotecas das escolas publicas.

Se essa lei sair o principal beneficiado será uma editora brasileira (que não é brasileira, mas italiana, que não quer gastar nada por aqui tanto que terceiriza sua parte editorial pra não se preocupar com leis trabalhistas) que vai ter mais dinheiro pra mandar pra sua matriz na Itália.

Realmente, essa lei vai fazer maravilhas pro nosso mercado nacional.